domingo, 16 de dezembro de 2007

AOS MEUS VERDADEIROS AMIGOS (de CHOCOLATE)

(E-mail recebido em 16/12, dois dias antes do encontro de 2007)
Como dizer hoje, a mais de 45 anos meus verdadeiros amigos?

Amizade é aquela que se constrói sem interesses em qualquer ocasião é sentida, seja ela em que sentido for: Dor, saudade, ausência, lembranças, reencontro dia a dia etc.

Dispersamo-nos pelos caminhos que a vida nos obrigou, tomando cada um seu rumo e seguindo o seu destino, MAS SEM NUNCA ESQUECER A CUMPLICIDADE E A AMIZADE DAS ANTIGAS TRAQUINAGENS DE INFANCIA. QUANTAS SAUDADES.

“Hoje não posso relembrar, com gosto e saudades, junto aos meus amigos aquelas traquinagens devido a um compromisso tão quanto importante já assumido anteriormente que é o noivado do meu filho em Jequié, razão pela qual peço desculpas a todos pela ausência.”
Solicito por esta razão, ao meu amigo, conselheiro e padrinho ocasional monsenhor Sadoc que faça a seguinte oração: “Jesus você é o melhor amigo das crianças, você é o meu melhor amigo, conto com você em tudo na minha vida e sei que não vou me decepcionar.”

Agradeço a presença em minha vida, aos meus amiguinhos do bairro, da escola, dos meus irmãos e também dos meus primos. Nossa amizade é a alegria de nossas vidas.

Obrigado pelos dois grandes amigos que tenho e que me foram dados por você, meu pai e minha mãe.

Sinto-me amado por eles e por você.

Estou rodeado de amigos e por isso sou feliz.

Abençoai a todos presentes e ausentes com a sua eterna amizade, AMÉM!

“Somos todos eternas crianças”.

É na infância que se constrói a verdadeira amizade que é aquela que nunca morre.

Estejam todos com Deus
Do seu amigo,
João Lúcio Saback
Chocolate

terça-feira, 21 de agosto de 2007

História dos Aflitos

Histórico do Quartel do Comando Geral da PMBA

O Quartel dos Aflitos foi construido em 1639 pelo 16º Governador da Bahia, D. Fernando de Mascarenhas, Conde da Torre. Inicialmente chamado de Casa do Trem, funcionou como base do sistema defensivo da cidade, fornecendo armas e munições para as demais fortalezas.
Na época, o trem saía do quartel carregado de pólvora e era levado para municiar os fortes da cidade.
Desde a sua fundação, o quartel participa da história da Bahia. Em 1837, durante o Movimento da Sabinada, o prédio foi ocupado por revolucionários que se apoderaram das armas e instalaram uma fabrica de cartuchos. Posteriormente, na fase de reação das Forças Legais que debelaram o movimento, o quartel foi retomado pela Brigada Pernambucana, unidade integrada pelo Exército Restaurador, comandada pelo Tenente-coronel Alexandre Gomes de Argolo Ferrão.
Quase 20 anos depois da Sabinada, o prédio tornou-se hospital militar. Já no final do séc. XIX, o presidente da província, João Capistrano Bandeira de Mello, solicitou ao ministro da guerra autorização para mandar demolir o Quartel declarando que o mesmo estava em ruínas e que tencionava ampliar o Passeio Público. Obtida a permissão, Capistrano desistiu da demolição e reconstruiu o Quartel dos Aflitos, que ganhou mais dois Corpos do Regimento Policial.
Mais uma vez, em 1920, o Quartel estava em ruínas. Com isso, a administração decidiu transferir a corporação para os Barris, instalando-se no Quartel da Cavalaria. O Governador Juracy Montenegro Magalhães inicia a restauração do prédio, reformando a estrutura arquitetônica, construindo no pavimento superior as alas laterais e a parte do fundo. Em 1938, o comando retorna ao Quartel. Uma outra reforma ocorreu em 1989 durante o governo de Nilo Coelho.
Hoje, o Quartel dos Aflitos abriga, além do Comando Geral, o Subcomando, o Departamento de Comunicação Social, o Departamento de Planejamento, o Serviço de Inteligência, a Coordenação de Policiamento e o Comando de Policiamento da Capital.
Curiosidades.
* As palmeiras que ornam o Largo dos Aflitos, em frente ao Quartel, foram plantadas em 1860, por determinação do presidente da Provincia, João Capistrano Bandeira de Mello, que também mandou fazer o nivelamento da Praça Mirante dos Aflitos, trabalhando nesse serviço africanos livres.
* O Chafaris da Cabocla, que também fica em frente ao Quartel também é todo feito em mámore carrara. É uma reprodução da escultura em bronze que fica no Campo Grande em homenagem ao dois de Julho, e foi um presente da Companhia do Queimado, em comemoração pelo Centenário da Independência da Bahia.
História do Largo dos Aflitos.
O nome Largo dos Aflitos origina-se da presença da Capela do Senhor dos Aflitos, que ainda hoje pode ser encontrada no local, já transformada em igreja. A construção do templo data de 1748, somando assim 258 anos de existência. A igreja bissecular teve a sua construção concluída em 1824.
A igreja foi ocupada pelas tropas lusas durante a Guera de Independência da Bahia, sendo transformada em depósito de víveres e de material bélico da Força de Madeira de Mello. Sabe-se que ao seu lado foram instaladas trincheiras e baterias, comandadas pelo Capitão Veloso. Em 2000, a Praça Mirante dos Aflitos foi reurbanizada pela prefeitura municipal de Salvador.
Fonte: Notícias sobre a Polícia Militar da Bahia do século XIX - Maj PM Oseas Moreira de Araújo.

RUA DO POLITEAMA

Na área que hoje conserva seu batismo, localizou-se o Politeama Baiano, inicialmente apenas uma praça de touros, aberta ao público em 1882. Em 23 de maio 1886, foi inaugurado como teatro com a estreia da Companhia Lírica Italiana, dirigida pelo ator Luís Milone.

Após dez anos funcionando como teatro, o prédio foi comprado por novos acionistas e, após ser reformado, realizaram-se ali, no carnaval de 1897, luxuosos bailes a fantasia, aos quais compareceu a mais fina sociedade local.
Teatro Politeama 1910/15/01 Rui Barbosa leu sua plataforma para presidência
O local passou por outra reforma completa em 1913, que conservou ainda a estrutura de ferro, recoberta de madeira e zinco, utilizada desde 1886 e mantida até a sua demolição, nos anos 30.

Crédito:Luiz Eduardo DóreaLivro: 'Os nomes das ruas contam histórias', 1999Publicação da Câmara





SOLAR DO UNHÃO

O Solar do Unhão é um antigo engenho de cana-de-açúcar

Mesmo localizado à beira-mar, o engenho tem as mesmas configurações daqueles que são encontrados no sertão, com a casa-grande, a capela, a senzala e um pelourinho. Pertencia a Pedro de Unhão Castelo Branco, que viveu no lugar em meados do século XVII. Os destaques do local são os painéis de azulejos portugueses instalados na residência durante esse período, além do chafariz e da bela capela em homenagem à Nossa Senhora da Conceição.

Com a morte do português, o Solar do Unhão passou a sediar uma fábrica de rapé e foi usado até como depósito de mercadorias, antes de virar quartel para fuzileiros que serviram na Segunda Guerra. Posteriormente, o antigo engenho foi comprado pelo Governo do Estado da Bahia e começou a ser usado como sede do Museu de Arte Moderna da Bahia.

O baba e o trio !

Voltei ao Passeio Público, no Domingo – 15 de dezembro passado, para reencontrar os amigos de infância e adolescência, das décadas de 60/70, todos moradores dos Aflitos, Largo do 2 Julho, Faísca e Tuiuti.
Enquanto dirigia-me para o evento, organizado por Almir e Duzinho, fui recordando, com imenso prazer, dos babas da Gabriel Soares, os mergulhos na praia do Unhão e os carros de rolimãs na ladeira, uma das nossas diversões no dia a dia, com exceção da quermesse da Igreja dos Aflitos que acontecia uma vez por ano com suas barracas e serviço de alto-falante comandado pelo amigo Miguel, que por causa de sua potente voz, foi apelidado de “Miguel Cachorro”. Isso porque algum gozador comparou sua potente voz ao latido do cachorro pastor alemão dos Fernandez, que moravam defronte a sua casa, outro mais gozador dizia que não sabia quem imitou quem ; Miguel ao cachorro ou o cachorro com seus latidos ao timbre de voz de Miguel!
As ruas; ladeiras; becos; praças; largos da região central onde morávamos não tinham fronteiras, nem tínhamos gangue, éramos uma turma de amigos sempre nos divertindo.

Os babas, além do campo preferido da rua Gabriel Soares, também aconteciam no Passeio Público, que além das suas deliciosas mangas caindo das mangueiras para alegria dos goleiros, que muitas vezes pegavam mais mangas do que bola, também proporcionavam uma sombra em todo o campo, permitindo que jogássemos várias partidas sem o calor habitual.
Nem as mangas que caíam e a visita ocasional da “banheira”, caminhonete com a capota de lona que conduzia os policiais (guarda-civil), eram motivos para não continuarmos o jogo depois da sua retirada.
Os guardas-civil portavam armas, mas nunca tiravam da cartucheira presa à cintura. Mas, com o cassetete de borracha faziam ameaças de levar consigo a nossa querida e companheira bola, porém os rostos de alguns demonstravam que o objetivo era apenas nos dar uma bela carreira! Tão logo sumiam, retornávamos a nossa peleja.

O time dos Aflitos era formado por Baleia, Deomar, Guga, Almir, Banha, Linhaça e Manteiga (irmãos oleosos), os três porquinhos (os irmãos Contreiras – Lulu, Joãozinho e Toninho) e Bandeira, que se gabava de chutar com os dois pés ao mesmo tempo sem cair e hoje ainda propala que o Bahia está nessa situação em virtude de Evaristo não lhe dar uma chance. Se Evaristo pode ser técnico aos setenta, porque ele não pode jogar! Nonato que se cuide.

No time da Gabriel Soares, Jader: o grande goleiro, fazia defesas surfando nos paralelepípedos quentes, feliz, mas todo ralado. Contar com Jader no time, era começar o jogo em vantagem. Quando não tínhamos Jader de goleiro íamos de Tristeza, com sua cara fechada metia medo ao adversário, e até ao seu próprio time:
Papai Noel, Cascavel, Pé de Valsa, Leonam, Pinga, Rui Palito, Pequinho, Antisardina e Bosco.

Outros dois times sentados no banco do jardim esperavam a sua vez de jogar com o vencedor, era outra leva de craques: Pinga, Zoinho, Antenor, Arturzinho, Zarara, Gaguinho, Deomar, Virgílio Lagartixa, Zé Carlos, Zé Muamba (foi quem primeiro usou calça Lee), os Atuns (dois irmãos gêmeos, que só podiam jogar no mesmo time ou em partidas diferentes tal a semelhança, que confundia até seus companheiros no passe de bola), China, Bebeto, os Guedes, Xandinho Batista, Davi Biúca, Bubu Gasolina, Lucas Todo Duro, Paulinho, Rafael Beleza, Matéria, Carioca, Beto, Carlos Dez, Dácio, Ruy Navarro, Dadinho, Nelson, Buck Jones, Ney Poli, Tadeu, Daniel, Pelada, Triângulo, Zulu, Chico, com seu cabelo louro farmácia, mas que jurava que era o sol nas pescas de petitinga, Oto Brucutu e o dono da bola.

Outros preferiam esportes diferentes. Pererê: o tênis de mesa, Oliveirinha: as cartas, Ari Reves: os halteres, Edmar e Fred:pesca submarina, Géo Beleza: seu barco, como dizia Lulu, o remo era a extensão do seu braço e os irmaãos Caveira, ficavam na arquibancada, o Colégio Militar talvez proibisse que jogassem baba!

Num desses dias, o baba estava correndo tranqüilo e solto, eis que chega a viatura policial, nossa velha conhecida, pois já estávamos quase íntimos dos policiais, já sabíamos até o número de alguns guardas: 26, 29, 34, 42, 51. A mesma nos ignorou, indo em direção ao banco, onde um casal, já antes de começar a partida, trocavam beijos e abraços, sem se importar com a nossa barulhenta presença. Os policiais saltaram da viatura, colocaram uma máquina de datilografia no assento do banco ao lado do casal e o escrivão ajoelhado registrava um flagrante “adultério”, com a presença do trio amoroso. Trio porque o marido veio na viatura. Foi o único dia que o baba parou e não mais continuou, em nome do amor.

Géo
Dezembro 2002

Largo 2 de Julho e Faísca

O bairro Dois de Julho, como todo lugar, possui características peculiares. Essas peculiaridades aparecem não apenas em seu espaço físico, mas também em sua história.
Surge da expansão da cidade em direção ao sul, nas proximidades do Caminho do Conselho, o qual ligava a cidade antiga à Vila do Pereira. A maior parte do bairro está sobre o platô da falha de Salvador e, aproveitando as áreas em que a inclinação das escarpas é menor, ele se prolonga até o litoral da Preguiça.
Bairro tradicional, o Dois de Julho, foi marcado por acontecimentos históricos e pela presença de pessoas ilustres e da elite econômica e intelectual do estado.
As edificações antigas registram um passado de opulência, ao lado de construções mais recentes que evidenciam a destruição de boa parte do acervo arquitetônico da cidade.
Bairro da freguesia de São Pedro, é parte significativa da história da cidade do Salvador. Surge do prolongamento da rua de Baixo de São Bento, atual Carlos Gomes, o que se deu na década de trinta do século XX, passando por transformações urbanas durante a intendência do engenheiro Durval Neves da Rocha (1938-1942).
O nome “Dois de Julho” registra a data da Independência da Bahia, ocorrida em 02 de julho de 1823. o Largo foi formado pelo alargamento da rua do Fogo e parte do quintalão de uma antiga casa, o Palácio do Marechal Acioli, pertencente por herança ao coronel Antônio Pedrosa de Albuquerque; é logradouro da segunda metade do século XIX.
Inicialmente era Largo do Acioli, que muitas vezes participou das homenagens da Independência da Bahia, e era onde se finalizava o cortejo comemorativo. Passou a se chamar Largo Dois de Julho quando lhe puseram um chafariz da companhia do Queimado; esse chafariz, também chamado a “Cabocla Dois de Julho”, depois ter andado pela cidade e ter estado no Largo do Teatro São João (Praça Castro Alves) e na Praça da Piedade, foi levado para aquele local, contribuindo para o abastecimento de água e, posteriormente, foi levado para o Largo dos Aflitos, em frente ao Quartel, onde se encontra até os dias atuais.


No Largo, próximo à rua da Faísca, encontramos ainda hoje um casarão muito antigo, o único do lugar que ainda existe. Nele funcionou o MEC e hoje funciona o CEAFRO.

No final do Largo, em direção ao mar (do lado direito) encontramos a rua da Jaqueira, estreita, sinuosa, quase em sua totalidade pavimentada de pedras irregulares, que ainda liga o Largo ao litoral da Preguiça, hoje quase totalmente abandonada, sendo possível o trânsito apenas de pedestres e com bastantes dificuldades. Nessa ladeira, na parte superior, existia um grande sobrado, o Solar da Jaqueira, um verdadeiro palácio e ponto de encontro de artistas da época; era a casa do grande e inesquecível artista plástico Carlos Bastos, falecido. Ao lado esquerdo da rua da Jaqueira, está a rua Democrata, a antiga rua do Hospício; pequena, pouco movimentada, apesar da presença do Clube Fantoches da Euterpe, fundado em 09/03/1884, no corredor da Vitória. Veio para o Dois de Julho em 1937, e considerado de utilidade pública em 24/03/1938.
Até o final da década de 60 do século passado, o clube participava com carros alegóricos dos carnavais de Salvador.
Logo adiante, no mesmo lado da rua, encontramos a Igreja do Coração de Maria, fundada na década de 40 do século passado, onde funcionou o convento dos Cordimarianos. Nesse local, funcionou também o antigo hospício da residência do Vice-Comissário da Santa Casa de Jerusalém. Já no final da rua, em uma viela logo após a Escola Estadual Permínio Leite, avistamos um grande casarão com fundos voltados para a Baía de Todos os Santos. Possuía 39 quartos, reduzidos a 30, hoje HOTEL CLOCK, quase abandonado; uma espécie de motel, que, em meados do século passado, foi o Hotel Douglas e, depois, o Famoso Hotel Paraíso, que funcionava na parte superior e na parte inferior a Boate CLOCK, freqüentada pela elite da época, que desfrutava do belo visual e das festas e bailes que aconteciam com freqüência ali.
A rua Visconde de Mauá está voltada inteiramente para a Baía de Todos os Santos, se encontra com a Ladeira da Preguiça na parte inferior, é calçada de pedras e parte dela construída com viadutos margeados. A grande escarpa, pavimentação feita ainda na intendência do engenheiro Durval Neves da Rocha, no cruzamento com a rua da Jaqueira, ganhou um pequeno viaduto com cerca de 2m de cumprimento.
Mais abaixo, já próximo à Preguiça, fica a antiga fonte dos Padres, do antigo convento Santa Tereza. Hoje desativada e entupida. Descendo a Preguiça chegamos à Avenida Contorno; a parte dela que coincide com a área delimitada para nosso trabalho vai do Trapiche Adelaide até o Solar do Unhão. Esta avenida foi construída no governo de Juracy Magalhães em 1953, margeando a orla da Preguiça, e é uma das principais vias de acesso à Cidade Baixa e ao chamado subúrbio ferroviário de Salvador. O Trapiche Adelaide foi transformado em restaurante famoso; ao seu lado; nos galpões da antiga usina da Companhia Circular ou apenas Usina da Preguiça, funciona uma casa de shows; logo após era o Trapiche Valença; do lado oposto está a Fonte da Pedreira, integra a área tombada pelo IPHAN, possui quatro bicas funcionando em nível inferior, frontão triangular clássico e possui uma placa de mármore com a seguinte inscrição: “Fonte das Pedreiras, reedificada na presidência do Exmo. Conselheiro e Senador do Império Francisco Gonçalves Muniz – 1851”.
Em seguida temos a Bahia Marina, uma moderna e bela construção que funciona como ancoradouro de barcos, lanchas e saveiros de luxo; encontra-se ali um luxuoso restaurante o SOHO e um amplo estacionamento que também pode ser utilizado para grandes eventos.
Voltando ao Largo Dois de Julho, ao lado da rua Diplomata temos a Ladeira do Gabriel. Na parte inferior, a Ladeira do Gabriel é interrompida pela rua Augusto França, que desce até a Av. Contorno. Na esquina da Augusto França com a Travessa do Gabriel, está a Fonte do Gabriel ou Fonte da Vovó: abandonada e suja, cercada com um muro alto nos dois lados da rua e por duas casas, foi isolada por insistência dos moradores das proximidades, pois, na década de 70, os hippies tomavam banho nus e também era um local de uso e tráfico de drogas, atos facilitados por um beco, a Travessa do Gabriel, e um outro beco, que ligava este a rua Tuiuti, este último posteriormente foi fechado pelos moradores.
A Rua da Faísca é curta, quase uma extensão do largo Dois de Julho ligando-o à Rua Carlos Gomes. O nome Faísca é devido ao paiol da cidade, o depósito de pólvora e munição: na metade do século XVIII, num temporal um raio atingiu o paiol causando um grande pânico na cidade; mais tarde, o paiol foi transferido para uma área menos povoada, que hoje conhecemos como Campo da Pólvora.
No lado mais elevado do Largo, temos duas ruas paralelas que partem do Largo em direção ao Norte. A origem do nome Areal não se sabe ao certo, nos faltaram informações suficientes, mas o Areal de Cima e o Areal de Baixo é devido ao desnível existente entre elas.
Apesar dos problemas atuais, esse bairro foi marcado pela presença de moradores ilustres da vida boêmia, intelectuais e episódios políticos importantes.
Foi no Largo Dois de Julho que, em 15 de maio de 1931, foi assassinado o Coronel Horácio de Queiroz Matos, tradicional chefe político sertanejo.
O bairro Dois de Julho também serviu de inspiração para o escritor Jorge Amado, freqüentador assíduo e amigo de pessoas que ali viviam. No livro Dona Flor e seus dois maridos, os fatos acontecem no bairro Dois de Julho e aparecem nomes de amigos do escritor que moravam nesse bairro e viraram personagens do livro.
A Rua do Sodré, vai da Rua do Cabeça, descendo, até se encontrar com a ladeira da Preguiça, que vai dar acesso à Conceição da Praia e à Praça Castro Alves. Pavimentada com pedras, estreita, comprida e reta, guarda inúmeros casarões dos séculos XVIII e XIX. A parte final, em direção à Preguiça, onde sua inclinação é mais acentuada, é batizada de Ladeira da Gameleira. Partindo da Cabeça, do lado esquerdo, em frente ao fundo do Instituto de Música da UCSal (Universidade Católica do Salvador), temos o Beco de Maria do Mingau, formado por pequenas casas improvisadas em pequenos espaços, que liga o Sodré, ao Areal de Cima, e ao largo Dois de Julho.
Mais abaixo, do mesmo lado, temos uma transversal que é extensão da Areal de Cima. Logo em seguida, ainda no mesmo lado, há uma viela que segue aproveitando os muros do Museu de Arte Sacra, com pequenas casas do lado oposto, formando uma espécie de cortiço.
Adiante, do lado direito, bem em frente ao Museu, temos a ladeira de Santa Tereza, curta e muito inclinada, ligando o Sodré à Carlos Gomes.
A parte final da rua do Sodré se encontra com a Ladeira da Preguiça ou Rua Dionísio Martins; juntamente com a Misericórdia e a Conceição, foram as três primeiras ladeiras da cidade do Salvador. Ela ligava o antigo porto de Salvador à cidade que ficava no alto; com o desenvolvimento urbano e dos meios de transportes, foi esquecida e abandonada. A ladeira é arqueada, sem dúvida para diminuir a inclinação da encosta, nela temos sobrados abandonados e outros em péssimo estado de conservação. Foi a importância histórica dessa ladeira que deu nome a toda a extensão da praia do bairro Dois de Julho: Litoral da Preguiça.
O nome “Rua do Sodré” se deve ao português Jerônimo Sodré Pereira, que veio para Salvador em 1661. Aqui chegando manda construir, na rua que ainda hoje lhe guarda o nome, um grande sobrado, o solar do Sodré.
Quando faleceu Jerônimo Sodré Pereira, em 09 de novembro de 1711, o Solar foi adquirido por Francisco Lopes Guimarães. Com a morte desse senhor, sua viúva veio a contrair segundas núpcias com o doutor Antônio José Alves, pai do poeta Antônio Frederico de Castro Alves, que nele viveu durante algum tempo, época em que produziu sua fase romântica, e onde faleceu a 06 de julho de 1871. No Solar do Sodré a partir do século XX, funcionaram os colégios alemão, Piedade, Antônio Vieira, Ipiranga do Professor Isaías Alves e atualmente funciona o Colégio Estadual Ypiranga. O prédio foi tombado pelo IPHAN em 12/07/1938.
Sendo um homem de fortuna Jerônimo Sodré Pereira ajudou na construção do Seminário de Santa Tereza, em cuja nave encontra-se sepultado. O edifício integra o sítio do Sodré, tombado pelo IPHAN, situa-se a meia encosta da montanha de Salvador. Edifício de elevado valor monumental. O altar-mor primitivo se perdeu e o atual, de prata, é proveniente da antiga Sé. Existem altares barrocos e dois neoclássicos. Hoje Museu de Arte Sacra, cujo acervo é a maior coleção de arte sacra do país. Atualmente é local de cerimônias da elite da Bahia.
A Rua do Sodré também foi citada inúmeras vezes pelo escritor Jorge Amado em seu livro Dona Flor e seus dois maridos; ele inclusive, quando ainda estudante, também morou na rua na casa de n.º 31, um prédio que se encontra abandonado.
Hoje a rua do Sodré guarda parte dos tempos primórdios da nossa história e ainda é freqüentada por uns poucos boêmios, intelectuais, músicos e poetas, quem sabe em busca de inspiração do poeta maior Antônio de Castro Alves. Há alguns poucos e pequenos bares os quais usam a via pública com cadeiras e mesas, dividindo o espaço com carros e as pessoas que passam; entre eles o mais conhecido é o Bar Mimosa. A rua é quase em sua totalidade de residências e poucos pontos comerciais.
Partindo do Cabeça podemos observar que no seu início foi bastante modificada, com algumas construções novas e, a partir de determinado ponto, guarda as características dos tempos em que vivia a sua efervescência cultural.
A Rua Carlos Gomes antes denominada Rua de Baixo de São Bento, justamente por causa do desnível existente entre ela e a Avenida Sete de Setembro.
Essa rua fazia parte do Bairro de São Bento, até que, no início do século XIX, houve a sua expansão. Com a necessidade de alargar a rua para melhor circulação, ocorreu, durante o governo do Dr. Durval Neves da Rocha, a demolição dos fundos de várias casas, e a rua, a partir do Mocambinho se estendeu até os Aflitos.
A rua recebeu o nome de Carlos Gomes em homenagem ao maestro e compositor brasileiro.
Na altura da ladeira de Santa Tereza, em frente ao beco Maria da Paz, a antiga casa de Orações dos Jesuítas, atual Conjunto Cultural da Caixa Econômica Federal, onde funcionou os jornais Estado da Bahia e Diário de Notícias, e a Rádio Sociedade da Bahia. Inclusive foi nesta casa que houve a transmissão do primeiro sinal de TV para o Estado da Bahia, através do empresário Assis Chateaubriand. Esse prédio foi tombado pelo IPHAN, em 18 de julho de 1938.
Na esquina da rua Carlos Gomes com a rua da Faísca, encontramos um prédio construído no período do governo de Durval Neves da Rocha,antigo Arquivo Público, nele hoje funciona a Defesa do Consumidor (PROCON).
Essa rua também é marcada por sua vida noturna ativa, havendo a presença de garotas e travestis que fazem da avenida ponto de prostituição. Podemos destacar várias boates, inclusive a Tché Night Club, a mais famosa da área.
A avenida Carlos Gomes é a principal via de acesso ao Largo Dois de Julho e, apesar de toda transformação, ainda guarda as características de um passado.
A Rua do Cabeça liga a Carlos Gomes ao Largo Dois de Julho, é estreita e pequena, possuindo apenas uma transversal, a Rua do Sodré, e um pequeno beco, o do Mingau, na esquina com o Largo Dois de Julho, apresentando asfaltamento em péssimas condições de conservação.
No período em que a matança do gado se fazia nas imediações do Mosteiro de São Bento e o comércio dos seus subprodutos espalhava-se por diversas ruas ali por perto, nessa rua as fateiras costumavam expor nas portas dos açougues ou em seus tabuleiros as cabeças de bois, decorrendo daí o nome Rua do Cabeça, conforme registro de 1866 do historiador Mello Morais. Já foi batizada de Rua Gustavo dos Santos no período entre as décadas de quarenta e sessenta, posteriormente voltando ao seu nome de origem.
A partir da inauguração, na casa de n.º 34, do Bar Anjo Azul, no dia 2 de julho de 1949, o lugar tornou-se uma área de encontro de intelectuais. Carlos Bastos, artista plástico, foi um dos seus idealizadores. Atualmente, o que se pode observar na Rua do Cabeça é um comércio intenso, com açougues, mercadinhos, restaurantes, bares, armarinho e vendedores ambulantes de forma desordenada, com mercadorias a céu aberto e muita sujeira.
A presença de chineses no comércio é marcante; associa-se a decadência do local à sua chegada. Com a expansão da cidade, as famílias tradicionais, de posses, se deslocaram para outros bairros, principalmente, os da orla.
O Mocambinho ou Largo das Flores, como popularmente é conhecido, devido à existência de galpões com boxes destinados ao comércio de flores, que anteriormente fora transferido para o Largo Dois de Julho, algum tempo depois retornando para o mesmo local, caracteriza-se pelo formato triangular, delimitado pela Rua Carlos Gomes, pela Rua do Cabeça, que cruza a Carlos Gomes, encontrando-se com a Avenida Sete de Setembro, e uma fileira de casas comerciais. No encontro dessas casas com a Carlos Gomes, temos o beco do Mocambinho, que também dá acesso à Avenida Sete, em frente ao Instituto Geográfico e Histórico.
Nessa localidade observa-se a existência de pontos comerciais tradicionais, como o restaurante Porto do Moreira e a Pharmacia Luz, ambos fonte de inspiração para o escritor Jorge Amado no romance Dona Flor e seus dois maridos.
Hoje a área é ocupada por diversas pessoas, trabalhadores, mendigos, crianças abandonadas; há além dos boxes de flores, uma banca de revistas e um módulo policial, o qual não minimiza a insegurança no Largo.
O nome da Rua da Forca nos remete à maior tortura legalizada em um período da nossa história, remota, mas que ainda está registrada nesse trecho do bairro Dois de Julho: os condenados, que saiam da casa da câmara e cadeia, cumprindo o seu último e pavoroso trajeto andando em direção à morte, desciam a Rua Direita do Palácio (atual Rua Chile), chegando ao Largo Dois do Teatro São João, hoje Praça Castro Alves. Daí subiam a Rua de Baixo de São Bento, atual Carlos Gomes, até a altura do Largo do Mocambinho, que nesse período ainda não existia, dobravam a direita à Rua Gustavo dos Santos (Rua do Cabeça) até chegar ao Largo do Acioli, mais tarde Dois de Julho. Dali retornavam por uma rua reta, contínua, sem interrupção nem travessas. Essa rua, a da Forca, do Largo de onde se avistava toda sua extensão, é o que podemos chamar de corredor para a morte; ao fundo os condenados avistavam todo aquele arsenal armado que o aguardavam para o seu abate, muitas vezes em nome da liberdade daqueles que os acompanhavam, assistindo a toda aquela tragédia até o destino final na Praça da Piedade.
A pena de morte não existe mais em nosso país. Hoje o nome Rua da Forca, faz parte da nossa história; ela liga o Largo Dois de Julho à Praça da Piedade. Partindo do Largo até o cruzamento com a Carlos Gomes é pavimentada com pedras e ainda guarda alguns casarões antigos parcialmente conservados e quase em sua totalidade casas comerciais. E a partir daí até a Piedade totalmente modificada com prédios novos e asfaltada.


BIBLIOGRAFIA

AMADO, Jorge. Dona Flor e seus dois maridos. 50.ª ed. Rio de Janeiro: Record, 2001.
ARAÚJO, Ubiratan Castro de (org.). Salvador era assim: memórias da cidade. Salvador: Instituto Geográfico e Histórico da Bahia, 1999.
BAHIA. Secretaria da Indústria, Comércio e Turismo. IPAC ― Inventário de proteção do acervo cultural: monumentos do município do Salvador. 2.ª ed. Salvador, 1984.
COELHO FILHO, Luiz Walter. A fortaleza do Salvador na Baía de Todos os Santos. Salvador: Secretaria de Cultura e Turismo, 2004.
DÓREA, Luiz Eduardo. Os nomes das ruas contam histórias. Salvador: Câmara Municipal do Salvador, 1999.
LEAL, Geraldo da Costa. Perfis urbanos da Bahia: os bondes, a demolição da Sé, o futebol e os gallegos. Salvador: Gráfica Santa Helena, 2002.
TAVARES, Luís Henrique Dias. História da Bahia. São Paulo: Editora UNESP, Salvador: EDUFBa, 2001.
TEIXEIRA, Cid. Salvador: história visual. Salvador: Correio da Bahia, 2001. vol. 1-5.
¹ Relatório de Pesquisa

KATE WHITE

Cursos antigos resistem timidamente em Salvador





Kleyzer Seixas
Meninas e adolescentes são preparadas desde cedo para encarar o competitivo mercado de trabalho. Estudam, fazem cursos e especializações voltadas para a área profissional e concorrem por vagas e cargos com os homens de igual para igual. Essa realidade, no entanto, não fazia parte da vida de garotas da classe media baiana há cerca de 50 anos. Naquela época, as jovens eram preparadas para serem mulheres do lar e cuidarem dos seus maridos, não para concorrer com eles. Recebiam ainda uma educação mais requintada, que incluía desde preparar bons pratos até ser uma espécie de faz-tudo do lar, do bordado ao serviço de chá, dominavam todos os conhecimentos para agradar a família e, claro, assegurar o casamento. O padrão feminino, no entanto, mudou ao longo dos anos. Por conta dessa transformação, as escolas dedicadas “às moças de fino trato” perderam espaço e público em Salvador. Algumas ainda resistem em bairros do centro da capital, mas a procura, diz Rosa Xavier Dubois, diretora da escola para moças Kate White, é bem pequena se comparada há cerca de 20 anos. A escola foi fundada há mais de sete décadas para ensinar bons modos e cursos que transformavam qualquer mocinha em uma exímia dona-de-casa. “Hoje temos, em média, cerca de 200 alunos por mês. Nos bons tempos, chegamos a ter, aproximadamente, cerca de 600”, destaca Rosa, saudosa da época em que as moças “da classe A da sociedade baiana” lotavam a Rua Democrata, nas imediações do Largo dos Aflitos. O aprendizado nas escolas especializadas como a Kate White ia desde cursos de etiqueta e culinária, até os clássicos corte e costura. Todos eles destinados às candidatas que prezavam pelo perfil da “esposa ideal”. As moças aprendiam também a pintar porcelanas para garantir a decoração das salas e dependências. Eram instruídas ainda a preparar a mesa e distribuir corretamente os talheres. Costurar para fazer reparos nas roupas dos maridos e filhos, caso fosse necessário, também era uma prática comum. As damas da época eram também instruídas a vestir-se de acordo com o seu biotipo, com o chamado curso de silhueta. As professoras ensinavam às alunas a usar os modelos que se adequavam melhor aos seus corpos. Para as mais magras, um determinado modelito. As moças de contornos mais redondos deveriam optar por outros que afinassem a cintura. As alunas eram mulheres da alta sociedade. Todas muito bem arrumadas, com chapéus bonitos e caros; além de andarem bastante perfumadas. “Como elas iam somente a eventos sociais dos seus grupos e saíam apenas com os esposos e filhos, viam na escola a oportunidade de quebrar um pouco a rotina”, comenta Rosa Dubois, ao lembrar das limitações femininas no período. “A escola era apenas para moças e os maridos não tinham ciúmes. Se elas fossem vistas com outros homens causavam perplexidade na sociedade do período. Então, a Kate White passou a ser um lugar que dava uma certa liberdade a elas de conviver com outras senhoras e aprender ofícios para aplicar no próprio lar”, explica a diretora. A queda na freqüência de alunos é atribuída também à demolição de parte do prédio nos anos 60. Segundo Rosa Xavier Dubois, a administração municipal da época alegou que o edifício atrapalhava o fluxo de veículos na avenida Sete e causava transtornos ao tráfego local. Muitos cursos foram extintos com a destruição de parte do edifício. “A escola ficou menor e não tínhamos como comportar a quantidade de alunos de antigamente”, conta Janete Fernandes, 63, professora de pintura e culinária, artes que aprendeu na própria Kate White. Mercado de trabalho - Hoje, a escola oferece aulas de piano, corte e costura, pintura em tecido, pintura sobre tela, arte culinária, decoração de bolo e desenho. Se adequando ao mercado de trabalho atual, tem também recepção clínica com faturamento, auxiliar administrativo e telemarketing. Os valores variam de R$ 60,00 a R$ 120,00. De acordo com Janete Fernandes, a Kate White não fatura como há 30 anos, mas o valor arrecadado mensalmente é necessário para manter o funcionamento da sede e garantir o pagamento dos oito funcionários que compõem o quadro do local. “Pelo menos, não ficamos em déficit”. Mas, não só o publico diminuiu como mudou de perfil. Ao invés de reunir apenas mulheres interessadas em aprender boas maneiras para agradar a família, a escola hoje tem todo tipo de aluno. De crianças de oito anos a senhoras com mais de 90, interessadas em aprender pintura em tela. Com 94 anos, Dona Éster Spínola é a aluna mais velha da Kate White. No local, ela faz curso de pintura acrílica uma vez por semana, às terças-feiras. A aula dura, em média, duas horas. Nesse período, colore os desenhos. Os preferidos são paisagens. “Comecei a me interessar pela arte há mais de 20 anos, quando fui levar a minha neta para fazer um curso na escola. Assisti as aulas e gostei muito, daí resolvi participar, é uma terapia. Meus médicos me recomendam, dizem que é necessário para ocupar a minha mente, me distrair. A aluna mais nova, Gabriela Luz, de 8 anos, também se inscreveu para aprender a pintar. Menino também entra - Os homens, uma raridade nos anos de fundação da Kate White, também integram o quadro de alunos. Tem até advogado e engenheiro querendo aprender a deixar de fazer apenas ovo frito com arroz para preparar pratos mais saborosos e diferenciados. Muitos também vão em busca de profissionalização. Querem se especializar e enriquecer o currículo para conseguir trabalho em bares e restaurantes. “Muitas pessoas – homens e mulheres - querem aprender a cozinhar para encontrar emprego”, informa a professora Creuza Sampaio, 57. Sentados em carteiras antigas que compõem a cozinha, os alunos de culinária aprendem diversos tipos de receitas. Observam as professoras no preparo dos ingredientes, formatação dos pratos e decoração das iguarias. Tudo feito com muito apreço pelas funcionárias da escola. Mas eles não ficam apenas olhando. Fazem anotações extras sobre os pratos e copiam os “segredinhos” das receitas. Os mais interessados metem a mão na massa e cozinham até em fogões niquelados, também antigos e trazidos dos Estados Unidos pela fundadora da Kate White. Túnel do tempo - A escola ainda mantém uma estrutura composta por móveis e objetos bastante antigos, que confere ao local um certo charme e provoca saudosismo aos freqüentadores mais velhos. São três pianos – alemão, francês e brasileiro – da década de 50 - que tomam toda a sala de música. Na ala de costura, uma mesa grande de madeira e três máquinas de costurar de ferro, madeira e movidas a pedal. A mais velha delas é de 1910 e pertence Rosa Xavier Dubois. “Na verdade, a máquina era da minha mãe, que me deu de presente”, conta. As paredes das salas de aulas são decoradas por quadros, muitos deles também antigos, pintados pelos alunos. A sala de pintura em porcelana, por exemplo, é toda decorada por pratos – pendurados nas paredes -, jarros e potes, que adornam estantes e muros. Todos eles são coloridos pelas pessoas que já passaram pelo local. A escola foi fundada em 1930, por Kate White, uma missionária norte-americana do estado de Ohio, que passou a morar no Brasil depois dos anos 20. Ela decidiu abrir a escola aconselhada por amigos. Queria também ter mais contato com os brasileiros e aprender mais sobre a língua portuguesa, já que pretendia continuar residindo no Brasil. A primeira sede da escola foi na Rua Democrata. Depois, o local passou a ter cada vez mais inscritos e foi necessária a transferência para a avenida Sete, esse prédio foi demolido na década de 60. Depois, uma nova escola foi erguida na Praça Centenário Batista, Dois de Julho, onde funciona até hoje. Serviço Escola Kate White Endereço: Praça Centenário Batista, Dois de Julho, nº 1, Centro Telefone: (71) 3329-5679 Endereço eletrônico: http://www.escolakatewhite.com.br